Na Maternidade Regional de Camaçari, unidade da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) gerida pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS), um projeto sensível tem oferecido acolhimento a famílias que enfrentam a perda perinatal, quando o bebê falece ainda na gestação, durante o parto ou logo após o nascimento. A iniciativa, desenvolvida pelo Serviço de Psicologia com apoio da Diretoria de Integração do Cuidado e da equipe de enfermagem, busca humanizar o cuidado e apoiar emocionalmente pais e mães em um momento de dor profunda.
A perda perinatal representa uma experiência de sofrimento intenso, que pode desencadear impactos duradouros na saúde mental das famílias. Para enfrentar esse cenário com mais empatia, a maternidade passou a adotar um recurso simbólico inspirado nas práticas de cuidados paliativos neonatais: a caixinha da memória.
Confeccionada pelos profissionais da unidade, a caixinha é entregue à família com pequenos elementos que representam o bebê. Entre os itens estão um coração de crochê, uma vela aromática, e um carimbo feito na presença dos pais com a marca do pezinho da criança. Sempre que possível, também é incluído parte do cordão umbilical, e a família é convidada a adicionar outros objetos que tenham valor afetivo.
“A equipe conversa com a família perguntando se eles têm algum objeto do bebê que gostariam de colocar dentro da caixinha, porque a ideia é que possamos construir junto com essa família alguma memória desse bebê”, explica Leila Guedes, diretora de Integração do Cuidado. “Queremos trazer para essa família o reconhecimento de que ali existiu um filho, e que esse filho foi respeitado. É uma forma de ajudá-los a elaborar toda a história vivida na maternidade de forma mais humanizada”.
Referência
Com uma estrutura moderna e equipada, a MRC dispõe de 107 leitos que atendem a diferentes necessidades, desde partos de risco habitual até os de alto risco. São 56 leitos de obstetrícia, 8 para gestação de alto risco e outros destinados à neonatologia, cirurgia ginecológica e plástica, além de leitos de UTI neonatal e unidades de cuidados intermediários (UCI), incluindo o modelo Canguru, que favorece o contato entre mãe e bebê, fortalecendo o vínculo afetivo e o desenvolvimento dos recém-nascidos.
