EUA começam a taxar mais de 90 países com novas tarifas; Brasil é alvo de retaliação com alíquota de 50%

Entrou em vigor nesta quinta-feira (7) o novo pacote tarifário imposto pelo governo dos Estados Unidos, que atinge mais de 90 países com alíquotas elevadas sobre produtos importados. A medida, assinada pelo presidente Donald Trump, passou a valer à meia-noite e foi comemorada pelo republicano e seus aliados nas redes sociais.

“É meia-noite!!! Bilhões de dólares em tarifas estão agora fluindo para os Estados Unidos da América!”, publicou Trump na Truth Social.

As novas tarifas marcam o ponto mais alto da política protecionista americana desde os anos 1930, segundo análise do site InfoMoney. Poucos dos principais parceiros comerciais dos EUA escaparam das medidas, que elevam a tarifa média efetiva dos Estados Unidos para o maior patamar em quase um século.

As alíquotas variam conforme o país e o tipo de produto. Bolívia, Equador, Islândia e Nigéria passam a ser taxados em 15%. Taiwan enfrenta tarifa de 20%, enquanto Brasil e Argentina estão entre os mais afetados, com taxa de 50% sobre produtos específicos. No caso brasileiro, a medida é vista como retaliação à decisão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de abrir processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado político de Trump, por sua tentativa de permanecer no poder após as eleições de 2022.

Além do Brasil, outros países também viram suas tarifas aumentarem por razões geopolíticas. Na véspera da entrada em vigor das novas regras, Trump anunciou que a Índia será alvo de tarifa de 50% até o fim de agosto, em resposta à continuidade da compra de petróleo russo. O governo americano tem endurecido sanções contra aliados de Moscou, diante da resistência do presidente russo Vladimir Putin em avançar nas negociações de paz com a Ucrânia.

Com as tarifas já em vigor, os impactos começam a ser sentidos na economia americana. Dados atualizados apontam que as receitas com tarifas somaram US$ 152 bilhões até julho. No entanto, os custos crescentes para indústrias que dependem de insumos importados têm pressionado empresas e consumidores.

Setores como o de eletrodomésticos, vestuário e decoração já registram aumento de preços, segundo o último índice de inflação divulgado em junho. A economia dos EUA mantém crescimento, mas em ritmo lento, com o mercado de trabalho mostrando sinais de desaceleração nas contratações em julho.

A política tarifária de Trump também afetou países com acordos comerciais em andamento. O Canadá, por exemplo, passou a ser taxado em 35% sobre produtos fora do escopo do Acordo EUA-México-Canadá (USMCA). Já o México, que enfrentaria medida semelhante, conseguiu adiar a cobrança enquanto prosseguem as negociações com o governo da presidente Claudia Sheinbaum.

A China permanece com tarifa de 30%, conforme o acordo firmado entre os dois países no início do ano. No entanto, essa trégua tem data para expirar: próxima terça-feira (12), abrindo espaço para novos embates comerciais.

Enquanto isso, países da União Europeia, Japão, Coreia do Sul e Vietnã negociaram condições mais brandas e enfrentam tarifas entre 15% e 20%, após se comprometerem a ampliar o acesso de produtos americanos aos seus mercados e prometerem investimentos bilionários nos EUA. Os detalhes desses acordos, no entanto, ainda não foram divulgados.

Deixe um comentário

Notícias Relacionadas

Redes Sociais

Categorias

Precisa de ajuda?