A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) realizou, na manhã desta segunda-feira (16), no bairro do Lobato (Subúrbio Ferroviário), a primeira de uma série de audiências públicas itinerantes para discutir o andamento das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Salvador.
A proposta da audiência foi do deputado Robinson Almeida (PT), integrante da Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo da ALBA, e teve como objetivo aproximar a população do Subúrbio das informações e decisões sobre o maior empreendimento de mobilidade urbana atualmente em execução no Brasil. O encontro aconteceu no Colégio Estadual de Tempo Integral CPM do Lobato.
“A audiência no Lobato é o primeiro passo de uma escuta ativa e cidadã com os moradores do Subúrbio”, explicou Robinson, logo no início da audiência pública. “O VLT é uma conquista histórica, não só do Subúrbio, mas de toda Salvador”.
Durante o evento, a secretária estadual de Desenvolvimento Urbano, Jusmari Oliveira, destacou que o VLT faz parte de um conjunto de intervenções mais amplas voltadas à transformação da região. “Seja para as marisqueiras, seja para o Mercado São Braz, seja pelos programas habitacionais, o Subúrbio está sendo olhado de uma forma muito especial pelo governo do Estado”, afirmou. “Mas é claro: o VLT é a grande cereja do bolo”.
Com previsão de 37 quilômetros de trilhos e 22 composições em operação, o projeto do VLT está dividido em três lotes, com investimentos da ordem de R$ 4,6 bilhões. O Lote 1, atualmente em execução entre a Calçada e a Ilha de São João, possui 16,6 quilômetros de extensão, 18 paradas e uma estação.
Segundo o diretor de obras da Companhia de Transportes do Estado da Bahia (CTB), Eracy Maciel, cerca de 22% das obras desse trecho já foram concluídos em 11 meses. “Nunca se realizou, em tão pouco tempo, assentamento de trilhos e postes em uma obra metroferroviária no país”, afirmou.
A audiência também contou com a participação da presidente da CTB, Ana Cláudia Nascimento. “O Subúrbio vai deixar de ser apenas um nome geográfico para se tornar uma região verdadeiramente integrada à cidade”, afirmou. “Vamos construir juntos esse projeto transformador”.
As 18 paradas do Lote 1 ficam quase todas no Subúrbio, incluindo pontos como a Baixa do Fiscal, Lobato, Plataforma, Itacaranha, Praia Grande, Periperi e Coutos. Uma das paradas será construída ao lado de uma unidade de beneficiamento das marisqueiras, reforçando o vínculo do projeto com a dinâmica econômica local. “Essa é uma obra para quem mais precisa e mais merece”, disse Jusmari.
De acordo com Eracy Maciel, os lotes 2 e 3 se estenderão, respectivamente, da Ilha de São João a Águas Claras (com duplicação da Estrada do Derba) e de Águas Claras à orla atlântica, chegando até Piatã. A previsão é de que as obras dos dois trechos durem 50 meses.
Juntas, as três etapas somam 37 quilômetros de via dupla, 70 quilômetros de fibra óptica para conexão e monitoramento e nove subestações elétricas. A estação de manutenção contará com lavadores, oficinas, armazéns e pontes rolantes para o reparo das composições.
Os dados apresentados por Eracy Maciel na audiência indicam que 60% da força de trabalho é formada por moradores do Subúrbio e 95% por baianos. Nas áreas técnicas e administrativas, acrescentou ele, as mulheres são maioria, respondendo por 51% das posições na engenharia e gestão. Até o momento, R$ 485 milhões foram executados em obras e R$ 21 milhões em desapropriações, todas consensuais.
Já Robinson Almeida lembrou que a obra está integrada à expansão do sistema metroviário da capital. “Quando o VLT estiver concluído, Salvador terá cerca de 80 quilômetros de trilhos interligando orlas e bairros populares à malha urbana central”, afirmou. “Estamos resgatando uma dívida histórica com o Subúrbio.”
Durante a audiência, Maciel destacou também que a obra não se resume à instalação da via férrea. “Estamos executando uma ampla macrodrenagem na região da Ilha do Peçanha, algo que muitos outros projetos ignoraram. Já realizamos travessias e a criação de áreas de amortecimento para as águas pluviais, diminuindo os impactos das chuvas”.
Segundo ele, a intervenção já está trazendo alívio para moradores que enfrentavam alagamentos recorrentes. Uma segunda drenagem será implantada na Avenida Suburbana, com um novo canal que vai direcionar as águas, evitando o antigo escoamento pela Baixa do Fiscal.
Na etapa final da audiência pública, moradores e lideranças comunitárias usaram o espaço para apresentar sugestões, tirar dúvidas e expor preocupações sobre os impactos da obra em suas localidades. Também participaram da audiência o vereador Hamilton Assis (Psol) e o assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais, Tiago Ferreira.