Festas de São João atraem turistas, aquecem bares e restaurantes e geram oportunidades para quem busca experiências gastronômicas com tradição, música e sabores típicos
Junho chegou e, com ele, uma das épocas mais queridas e aguardadas do calendário brasileiro: o São João. As festas juninas são muito mais que tradição no Nordeste e vêm se consolidando como um verdadeiro motor para a economia, especialmente para bares e restaurantes. O mês inteiro se transforma em uma grande celebração, que une música, dança, comidas típicas e, claro, muita experiência gastronômica.
De acordo com levantamento da Abrasel, 77% dos bares e restaurantes do país esperam faturar mais no São João deste ano, na comparação com o mesmo período de 2024. No Nordeste e no Norte, esse otimismo é ainda maior: 81% dos empresários acreditam que as vendas vão crescer, muitos projetando até 10% de aumento no faturamento.
Para quem gosta de curtir a temporada, seja local ou turista, os bares e restaurantes se tornam palco das melhores experiências. Decoração temática, cardápios especiais, música ao vivo e quadrilhas garantem o clima perfeito. Mais do que uma simples refeição, quem sai para comer ou beber em junho quer viver a energia do São João — e os estabelecimentos sabem disso.
Como o São João movimenta o turismo e os bares no Nordeste
Em Campina Grande (PB), onde acontece o maior São João do mundo, o reflexo é ainda mais forte. Milka Prado, proprietária do restaurante Chinatown, localizado em um shopping da cidade, afirma que junho chega a superar até o Natal no impacto econômico. “O São João é super importante para o meu negócio e para a economia de Campina Grande também. É um segundo dezembro, que na verdade no ano passado foi até melhor do que dezembro. A loja recebe muita gente mesmo, muito turista. É um público completamente diferente do dia a dia, com absoluta certeza”, conta.
Essa movimentação de turistas transforma a rotina de quem empreende na cidade. Mesmo estabelecimentos fora do circuito principal do evento, como é o caso de quem está dentro de shoppings, percebem o impacto positivo no faturamento.
Em Natal (RN), o restaurante Tábua de Carne também aposta no São João como estratégia. Além de decorar o espaço, o estabelecimento promove o “Arraiá do Tábua”, evento que reúne até 1.500 pessoas, muito além da capacidade tradicional do restaurante, que acomoda 240 clientes sentados. “O São João atrai uma repercussão muito grande para a nossa marca, e o impacto no faturamento é muito positivo”, afirma Luiz Segundo, proprietário da casa.
O empresário destaca que os investimentos feitos tanto pela iniciativa pública quanto pela privada na realização dos eventos são fundamentais para gerar esse efeito positivo. “As pessoas deixam de ir para o interior para aproveitar as festas da cidade”, explica.
De acordo com José Eduardo Camargo, líder de conteúdo e inteligência da Abrasel, o turismo é o maior responsável por esse impacto no setor. “Cidades como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE) atraem tradicionalmente milhares de pessoas nesta data. Mas há outros destinos que também apostam no São João para atrair turistas, como São Luís (MA). Isso traz mais movimento para as cidades e, por consequência, para os bares e restaurantes”, comenta.
Muito além do Nordeste: o São João conquista o Brasil
Embora o São João seja mais forte no Nordeste, a tradição tem se espalhado por outras regiões. No Sudeste, Centro-Oeste e Sul, muitos bares e restaurantes investem em cardápios temáticos, decoração especial e até festas juninas completas para atrair o público durante o mês de junho.
O que era uma celebração local se transformou em oportunidade nacional. Afinal, a combinação de comida típica, música, quadrilhas e decoração junina cria uma experiência que agrada a públicos de todas as idades — e isso se reflete diretamente no caixa dos estabelecimentos.
As festas de São João são, portanto, muito mais do que uma expressão cultural. Elas se consolidaram como um dos principais momentos do calendário para o setor de alimentação fora do lar, combinando tradição, diversão e geração de negócios.
Seja no Nordeste, no Sudeste ou em qualquer outra parte do país, uma coisa é certa: quando chega o São João, é tempo de celebrar — e de faturar.